Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa, nascido em Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) em 24 de novembro de 1861. Negro, filho de escravos alforriados, Cruz e Sousa teve um destino bem diferente da grande maioria dos afro-descendentes de sua época. O antigo senhor de seus pais tomou para si a responsabilidade sobre seus estudos, enviando-o para os melhores colégios de sua cidade.
Depois de formado, Cruz e Sousa chegou a dirigir um jornal abolicionista, mas o preconceito impediu que ele continuasse nessa função. Nomeado promotor na cidade de Laguna, também foi impedido de assumir o cargo pelo fato de ser negro.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de maior tolerância que infelizmente não encontra. Morreu em 1898, numa cidade do interior de Minas.
Mesmo não tendo sido reconhecido em vida, Cruz e Sousa é considerado até hoje um dos grandes poetas brasileiros do século XIX e o maior poeta do Simbolismo no Brasil.
Embora a obra de Cruz e Sousa tenha certa proximidade com o Parnasianismo, ele possui características muito próprias:
- Musicalidade bastante acentuada.
- Certa tristeza e melancolia.
- Poesia pouco descritiva preocupa-se mais em sugerir do que narrar acontecimentos.
- Fixação na cor branca e na idéia de pureza.
Antífona
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...
Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas...
Cruz e Souza