Panorama Histórico de Machado de Assis
A “Belle Époque”Carioca
· Anos agitados foram os anos 80 do século passado.
· A cidade e o país modernizavam- se, perdiam o ranço de donzela antiga.
· Dinamizou-se a vida social, a literatura virou moda. Nos salões elegantes, declamava-se Bilac ao som de piano.
· Surgiu o cinema, e a iluminação elétrica.
· Ao tempo em que proclamávamos a republica e abolíamos a escravidão, a Europa vivia outro estágio social, com grau bem maior de participação popular.
· A França, de onde nos vinham os modelos culturais, já tinha feito sua revolução no século anterior. A burguesia francesa estava, portanto, solidamente implantada no poder, poder esse com que sonhava nossa pobre burguesia aprendiz.
· A literatura começou então a alterar seu perfil. A defesa e exaltação do casamento seguiram uma crítica e denúncia do adultério.
· Aos salões requintados, elegantes e finos, seguiram-se os ambientes pobres, toscos, miseráveis. Ao amor espiritual e metafísico, seguiu-se a descoberta do sexo, de sua patologia, de seus desajustes. A literatura-lazer, seguiu-se a literatura-denúncia.
A novidade literária chega ao Brasil Mas qualquer virada vem de longe e devagar. O que as datas marcam é a “oficialização da virada’’, quando o avesso já é direito. E a literatura aliando-se a essas lutas, veio trazer para a poltrona dos leitores problemas políticos e sociais, a violência da pobreza e da miséria na ordem burguesa. Foi mais ou menos esta sociedade em que Machado viveu como foi mais ou menos esta a cena literária de que seus livros se nutriram. Numa palavra, foi este o panorama fecundado pela extraordinária literatura machadiana, que até hoje encontra leitores apaixonados, dentro de uma tradição literária pobre como a nossa.
O RIO DE JANEIRO É O MUNDO E O MUNDO É O RIO DE JANEIRO As personagens de Machado são brasileiras, seus traços de brasilidade não se identificam aos traços que a tradição literária romântica nos ensinou a considerar brasileiros, como por exemplo, o índio corajoso e exótico, ou o sertanejo folclórico e pitoresco. Machado, em seus melhores momentos, reflete esta sociedade dura e desapiedada, preconceituosa quanto à cor e posição social, sem nenhuma tradição política, os dois partidos políticos daquela época, por exemplo, embora se chamassem Conservador e Liberal, cumpriam a mesma função: sustentar o regime, o governo, o estado. Mesmo a República, a cuja proclamação. Muitas vezes, nos intervalos nos quais o narrador toma palavra, entre um episódio e outro, seu texto se dispersa em comparações históricas. Em síntese como se fosse uma forma de compensação, nomes importantes como Pangloss, Voltaire, Napoleão e outros contagiam de grandeza o homem comum.
Cronologia Histórico-Literário
· 1831/1840 - Período da Regência, entre o governo de Pedro I e que renunciou em 1831,e Pedro II, que assumiuem1840. Machado nasceu, portanto, às vésperas do Segundo Império.
· 1848 - Revolução na Franca, organização da Comuna de Paris e a publicação do Manifesto Comunista por Marx e Engels.
· 1857 - Flaubert publica na França Madame Bovary, obra que propõe uma literatura anti-romântica, de denúncia dos valores burgueses.
· 1865/1870 - Guerra do Paraguai.
· 1867 - Zola publica na França Madame Bovary, obra que propõe uma literatura que vai além da realista.
· 1870 - Em Portugal, vários intelectuais organizam uma série de conferências, onde se divulgam e debatem idéias revolucionárias, anti-romântica.
· 1871/1885/1888 - Desenvolvimento progressivo da campanha abolicionista, com alei do Ventre Livre(Rio Branco), a lei dos Sexagenários (Saraiva -Cotegipe) e a lei Áurea (princesa Isabel).
· 1878 - Em jornais cariocas trava-se a “Batalha do Parnaso”.
· 1889 - Proclamação da República.