As Personagens

    Como o autor visa interpretar e entender as razões, motivos e o caráter das personagens,temos aqui uma tablea que relaciona as personagens com suas características com base no artigo:  " Mulheres no cortiço: a segregação feminina na obra de Aluísio Azevedo por Aline Cristine Vieira Lima"

 

 

Tipos de mulheres presentes na obra

Personagem que se enquadra no tipo

Características da personagem

Significado da personagem para a sociedade

Solteiras

Rita Baiana Morena, sensual, tem suas próprias regras, não quer se casar, gostava de autonomia

Perdida, indigna e perigosa por ser mal caminho para filhas de família

  Leónie Prostituta, madrinha de Pombinha e posteriormente leva a menina a prostituição Sua atividadade não era bem vista. Na realidade, o mercado de emprego para mulheres pobres, sem educação e bonitas, era a prostituição
  Pombinha Bonita, insatisfeita e totalmente seduzida pelo que lhe é imposto, ainda sim, querida por todos, possuia um noivo e como ainda não havia menstruado, não podia se casar com ele. É desvirtuada pela madrinha. Desvirtuada pela pobreza do cortiço

 Adúlteras

 Dona Estela Traía seu marido, que por sua vez não se separava dela por querer manter sua postura perante a sociedade   Vagal
   Leocádia Portuguesa, pequena, traía seu marido ferreiro. Resolve sair de casa, mas o marido perdoa sua traição  Era uma humilhação perder a mulher para outro homem

Lavadeiras, mulheres independentes

 Leandra  Apelidada de "a machona" era uma portuguesa feroz, berradora, tinha filhos e achavam que era separada do marido

 (As seguintes caract. são gerais para as lavadeiras)

Trabalhavam em tarefa totalmente feminina

   Ana das Dores  ''Das Dores" vivia no cortiço com toda sua família  Trabalho honesto
   Neném  Espigada, franzina e forte  Muitas eram responsáveis pelo sustento prncipal da casa
   Augusta Carne-Mole  Brasileira, branca, casada com um mulato soldado da polícia  Várias ficavam divididas entre o trabalho fora de casa e ser dona de casa

 Subordinada

 Bertoleza Quitandeira, crioula, escrava, quando quase tinha sua alforria é iludida por João Romão a quem faz tudo  Escrava

 

 

 

 

A SEGUIR, UM APROFUNDAMENTO SOBRE ALGUMAS PERSONAGENS

 

 

 

 BERTOLEZA

João Romão e Bertoleza, segundo uma ilustração de Belmonte.

-Negra e mulher, na condição total de inferioridade, aos pés de João romão, no romance aparece sempre como subimissa.

Bertoleza representava agora ao lado de João Romão o papel tríplice de caixeiro, de criada e de amante. Mourejava a valer, mas de cara alegre; às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias, aviando o café para os fregueses e depois preparando o almoço para os trabalhadores de uma pedreira que havia para além de um grande capinzal aos fundos da venda. 

 

 - Neste trecho podemos perceber a condição de escrava que ela vivia

 - Ainda podemos observar a questão da burguesia que crescia naquela época, onde na Obra joão Romão representa a Burguesia e Bertoleza os explorados, afinal Bertoleza da lucro a João Romão, e trabalha loucamente sem ser recompensada

 

 

 

 

RITA BAIANA 

 

A maioria dos escritores brasileiros retrataram a mulata da mesma forma, a partir deste preconceito na literatura, verificamos que permanece em O cortiço, o registro da mulata degradada em um ambiente sexualizado, marginal e desvantajoso socialmente, com até insalubridades.  As transformações históricas que atravessava a sociedade da época, não levou a novos critérios para a interpretação das relações raciais, a representação social da mulata, sendo negativo ou positivo continua sendo muito estereotipado.

 

-Na análise desta, vale ressaltar seu estereótipo de mulher baiana, sensualidade e rebeldia, características presentes em toda obra sempre que se referi a esta personagem. 

  

 

 

 

            -Contrária ao retrato da mulher idealizada romântica, Rita é a mulher independente e rebelde, que diferente de Bertoleza, oprime e seduz os homens, desmoronando a idéia de modelo patriarcal da sociedade em que a mulher era apenas objeto, Rita Baiana criticando até mesmo a instituição casamento vai contra toda uma ordem estabelecida. 

            -Podemos com uma análise mais aprofundada ver que enquanto Bertoleza aparece no livro como negra, Rita Baiana é mulata, caracterizada como bela, sensual perfeita e perfumada e a negra, retinta, feia, suja e ligada ao lado pejorativo do trabalho fica na imagem  de Bertoleza

                                   "O que que a Baiana tem" de Dione Escarabichi

 

 

           - A sensualidade, como uma característica ligada a uma identidade, é uma propriedade e uma marca da mulata de O cortiço, pois a sexualização costuma ser uma figura de controle ou dominação, pois a caracterizando como mulata ela se distancia um pouco da condição de negra, escrava e inferior.

  

 Baiana do Blog Desenhos do Márcio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

            -Por fim, precisamos falar ainda da forma como Rita Baiana é representada fisicamente, essa mulata na obra de Aloísio Azevedo, é marcada por muitos adjetivos, utilizando a sinestesia( por sensações em expressões) como figura de linguagem para  descrever as sensações provocadas pelos gostos, cheiros e imagens emanados pela mulata.                       

             -Azevedo ao exibir o “requebrado luxurioso” de Rita Baiana e “movimentos de cobra amaldiçoada”, sexualiza a personagem que envolve o português Jerônimo. Este se hipnotiza com a mulata, a qual o encanta e o torna brasileiro. Não há casamento, eles se amasiam, isto é apresentado como uma opção de Rita, ela acredita que o marido escraviza sua esposa.

       Casar?Protestou a Rita. Nessa não cai a filha de meu pai!Casar? Livra! Pra quê?Para arranjar cativeiro? Um marido é pior que o diabo; pensa logo que a gente é escrava! Nada! Qual! Deus te livre!Não há como viver cada um senhor e dono do que é seu!

 

# Repare como ela é vulgarizada e como é livre, como anda na própria rega e tem domínio dela mesma.

 

 

 

POMBINHA E LÉONIE

 

 

-A análise acerca da relação afetiva que estabelece entre as personagens Pombinha e Leónie, da referida obra, em detrimento ao tardio

amadurecimento fisiológico da personagem Pombinha, ao despertar da sexualidade enquanto consciência do corpo e poder feminino.

 

-O romance, a cada episódio vai revelando a metamorfose sofrida pela ação

do meio na meiga e sensível menina, Pombinha ia se transformando em serpente tão lentamente que não se podia perceber seu interior, fato revelado ao final do romance quando ela rompe com a conduta socialmente prevista para a mulher pela sociedade da época.

 

- Posto sua profissão de “escriba”, os moradores do cortiço faziam dela uma

confidente, isto, contribui para imprimir no seu espírito as impressões de toda sorte de problemas, paixões desenfreadas, vícios e ressentimentos de suas vidas desregradas, desta forma, ao tomar contato com as fragilidades emocionais confessadas, sobretudo, pelos homens, Pombinha amplia sua visão acerca dos conflitos nas relações afetivas heterossexuais. Neste sentido, o verbo se incrusta na carne pois, a ação do verbo, a ação das palavras podem ter implicação na futura opção sexual da personagem pelo homoerotismo.

 

-Em foco está Leónie, personagem determinante na metamorfose operada na conduta corporal da personagem Pombinha, de cujo contato, muito provavelmente, extrai o ansiado amadurecimento fisiológico com regulação as funções femininas, com a chegada das “regras” após vivenciar uma experiência afetiva homoerótica com esta.

 

-O nome da referida personagem tem origem na raiz latina = leo, leão, animal predador, é uma prostituta da alta sociedade que atingiu um padrão de vida invejável, e obteve independência financeira que por outros meios dificilmente conseguia alcançar.

 

 

- Ao passo que Léonie é identificada como pessoa determinada, segura, Pombinha, por sua vez encontra-se com a identidade em transição. Sem nome próprio, a personagem é referida por todos por substantivo comum, pertencente ao grupo das aves, que remete à imagem da pureza, da delicadeza, aparece na narrativa como a flor do cortiço, muito bonita, frágil, ingênua, com uma educação de menina rica. Em tudo contrasta com os demais habitantes do cortiço. Em suma, não tem em si a identificação com o ambiente que a cerca. Nem mesmo lhe é permitido lavar e passar roupas, serviços básicos que as mulheres fazem quase ininterruptamente, parando, praticamente, somente aos domingos e feriados.

 

 

 

-No jogo de sedução da Léonie, comportando-se como leão que abate a sua caça, busca satisfazer a Pombinha e satisfazer-se, é uma relação de dominação em que a mais velha e a mais experiente usa de sua experiência para dominar a jovem pura e inexperiente diante de uma barreira que pode transformá-la. Metaforicamente falando, há uma grande diferença entre

Pombinha e Léonie: Pombinha (pomba) mesmo tendo asas para voar não consegue escapar do poder de Léonie (leão), que é o rei, que tem a força maior para dominar a pomba. OBSERVE que esta é uma característica naturalista, comparar o homem a natureza, a animais.

 

 

- No final a flor do cortiço se mistura ao povo que mora lá, como Aluísio quer provar desde o início que qualquer um que entre lá sairá desvirtuado, ruim, sujo.

 

 

CONFIRA NA GALERIA SEGUINTE

IMAGENS DE MULHERES

DO SÉCULO XIX

DO LIVRO QUOTIDIANO E PODER

As mulheres do século XIX

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